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Resenha: 321 - J. A. Huss

  • Carol Paim
  • 9 de jun. de 2016
  • 6 min de leitura

CONTÉM SPOILLER

Inominável, indescritível e indefinível


Tem livros que não pedem por uma resenha. Alguns livros nem ao menos ficam na nossa memória por tempo o suficiente para que você guarde seus nomes ou enredos. Porém existe uma categoria diminuta de livros que te fazem implorar para que alguém te ouça e entenda sua necessidade de apenas falar. 321 é um dos livros que fazem parte dessa categoria tão distinta.


321 começa nos deixando completamente no escuro. Você não sabe se pode confiar no que está lendo, pois tudo é muito recente e muito suspeito, mas com poucas páginas eu fui obrigada a gritar com algumas amigas por apoio e por uma leitura coletiva, pois eu senti, eu sabia que esse seria um livro diferente.


A sinopse já nos avisa que não é um livro tradicional. A sinopse já nos avisa que o final não é tradicional. Eu estava preparada para uma história não tradicional, eu estava preparada para um final não tradicional, mas eu não me preparei para esse livro. Quem sabe se fosse outra história ou outro final, eu estaria preparada, mas não para 321.

Você nunca está pronta para um livro que no primeiro capítulo já te deixa desconfiada, tensa e com medo. O primeiro capítulo te faz criar mil suposições, mas nenhuma delas parece ser uma certeza, pois esse livro não é clichê. Ele não é previsível e não é advinhável (se é que essa palavra existe!).


Eu não me lembro de ter lido um livro onde eu tive tanta curiosidade sobre o passado dos personagens de uma maneira individual. Eu queria saber o que aconteceria entre os três, mas eu queria saber ainda mais sobre o que tinha acontecido com cada um deles separadamente.


Ark é o cérebro. Ele é escorregadio e reservado. Nos capítulos narrados por ele, nós sabemos que ele guarda muitos segredos. Segredos que ele não pode e não quer revelar. Ele é um cara que não tem passado, nada antes dele chegar a Denver, nada antes dele conhecer JD.


JD. Só de escrever seu pequeno nome, eu já sinto um aperto no coração. JD é o coração. Ele é o carismático, o sorridente. Ele é o cara que você sabe que se envolveu com drogas e que se ferrou na vida, mas que mesmo assim, ele é quem abraça e sussurra palavras doces para Blue.


Blue, ela é a garota. Ela é quem vai fazer Ark e JD viver uma verdadeira história de amor, mesmo que ela não seja a garota mais indicada naquele momento para coisas felizes, ela é quem vai mostrar para os dois amigos o que é amar. Ela vai amar e ser amada pelos dois, mas não sem mentiras, segredos e sofrimento. Não sem enfrentar e desvendar os monstros que atormentam cada um dos três. Cada um com seus monstros e mistérios, envoltos em amor, sexo e luxuria. Eles são um trio, mas querem ser apenas um, só que não sabem como fazer dar certo. Entretanto eles estabelecem as regras do relacionamento e tudo parece que vai dar certo no final.

Até que tudo vem abaixo. Dias antes do Natal, tudo rui e é o começo do fim.

Nesse ponto em diante, se você for ler esse livro, reserve um momento em que possa não fazer absolutamente nada, apenas ler. Leia apenas se você tiver certeza que não será interrompida, pois se você começar a ler essa parte e alguém lhe chamar, você simplesmente não vai ouvir, não vai ver e não vai fazer nada, apenas ler. É impossível largar o livro depois da página 245, e o livro tem 317 páginas. Então reserve um bom tempo para terminar de ler o livro, pois a partir do momento em que o Ark sair para comprar a árvore de Natal, nada será como antes e você simplesmente não será capaz de deixar esse livro de lado. Acredite no que eu estou dizendo.


Algumas pessoas, como eu mesma, gostam de escrever, outras tem o dom. J. A. Huss tem o dom. Ela criou uma história envolvente e irresistível. Ela soube desenvolver o mistério em torno dos personagens, mantendo-os sem se tornar chato ou cansativo. Sempre que você pensa que chegou a um ponto onde vai chegar a calmaria e o clichê, J.A. vem e muda o rumo da história e te faz arregalar os olhos e pensar “PORRA!” (com letras maiúsculas mesmo).

Quando você pensa que eles terão um relacionamento “normal” de dois homens com uma mulher, J.A. vem e te mostra que não, o amor vai além disso. Quando você pensa que um deles é um canalha, J.A. vem e te mostra que não, ele era apenas um cara que fez muita besteira e queria corrigir os erros que cometeu e se redimir com a mulher que ele tanto amou, mas perdeu. E quando você acha que o amor entre eles acabou, J.A. vem e mostra que além de não acabar, esse amor se mostrou mais forte ainda.

Se você não leu o livro e está lendo essa resenha para saber se deve ler o livro, eu preciso pedir desculpas, pois algumas coisas podem não estar fazendo sentido para você, mas se minha palavra vale para alguma coisa, te dou minha palavra que esse livro merece e deve ser lido.

Se você é uma puritana e/ou é daquele tipo de pessoa que só acredita em amor entre homem e mulher, irmãos, pais e esses amores “clássicos”, então saiba que esse livro pode te chocar e (com sorte) abrir um pouco os seus horizontes.

Eu, assim como muitos leitores que conheço, possuem um ranking com os melhores livros que leram, e posso dizer que esse livro entrará para o top 5, com certeza. Um livro que me trouxe a tristeza pelo final (Antes que me perguntem, sim, ele tem um final feliz!), mas ao mesmo tempo me trouxe uma felicidade pelo final feliz e por ter tido a vontade de ler esse livro. Eu realmente fiquei feliz por ter lido um livro que apesar das várias cenas de sexo, mostrou mais do que apenas isso, mostrou que podem existir várias formas de amor, de erro e acima de tudo, mostrou que um relacionamento onde há mentiras, não dura. Tenho certeza de que se as verdades tivessem surgido desde o inicio, o final teria sido outro. Mas então a história também seria outra e isso não é um pensamento coerente, afinal eu amei essa história mesmo que distorcida e controversa.


Eu tive raiva do Ark por querer controlar tudo e por esconder as coisas do JD e da Blue, eu tive raiva da Blue por não ter lutado pela verdade nos momentos em que ela percebeu que eles estavam mentindo pra ela, eu tive raiva do JD por sumir quando as coisas ficavam feias e por não ter falado a verdade para a Blue sobre o que tinha acontecido, mas acima de tudo, eu fiquei com raiva da J.A. por não escrever nenhuma vez na visão do JD. Eu já tinha passado do meio do livro e esse fato já estava me atormentando, porque eu queria saber o que ele sentia e pensava, mas então, quando tudo vem abaixo, eu entendo. Ela não podia escrever na visão dele, ela não podia contar o que ele pensava e sentia e ela não podia isso porque ele sempre foi a cola, ele era o que unia Blue e Ark. Ele era o que os ligava até o amor. Foi ele desde o inicio que os mostrou que podia sim existir um só, mesmo eles sendo três. Ele escolheu ajudar a Blue a levando pra casa, mesmo que tenha sido o Ark que a tenha visto primeiro, foi o JD quem insistiu que tudo daria certo entre eles. Ele começou aquele amor à três e ele seguiu fazendo parte daquele amor à três, mesmo depois de tudo. Porque eles podem sim ser um, mas eles precisam ser três.


Algumas observações:

- Esse livro ganhou nota máxima, porque eu realmente gostei dele.

- Eu quero um livro a mais? Não sei, eu penso que um livro na visão do JD seria interessante, mas ao mesmo tempo, acho que a história está completa e que se agregar mais alguma coisa pode acabar só estragando.

- Se você deve ler? Com toda a certeza, e pode me chamar no inbox ou no whatsapp para desabafar, porque eu sei que você vai precisar.

Beijos.

E até uma próxima, ou não... :P


 
 
 

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